21 de out. de 2013

Correr em direção a si mesma é um ato de coragem

Compartilho um belo texto da querida Janaina Ribeiro (do blog Daraluz Gineterapia), com homenagem a nossa querida Karine da Cunha que canta o Feminino e embala muitos círculos de mulheres.


O correr em direção a si mesma é um ato de coragem, abandonar a carcaça das certezas que nos protegem do mundo. Dizer adeus à sensação de conforto, e a qualquer coisa que possa fazer sentido em nossas vidas, mesmo quando o que vemos à nossa frente é um mar tempestuoso que parece querer nos engolir. Em algum momento da vida todas nós recebemos esse chamado, algumas o atendem, outras não. Atender a esse chamado traz a única certeza de que, passada a tempestade, encontraremos algo totalmente novo sobre nós mesmas, e ao mesmo tempo algo que sempre esteve lá, a nossa verdadeira essência, a identificação com aquela que realmente somos, independente da nossa criação, do que pensa a nossa família, do que o mundo em geral espera de nós.
Não é uma decisão fácil, pois como afirmou Einstein, toda escolha requer uma renúncia, e quantas vezes, paradas diante do abismo que nos convida a saltar para o desconhecido, desejamos que tudo permaneça como sempre foi, desejamos não ter que fazer escolhas, ou que não tivéssemos responsabilidade por nossas escolhas. Muitas vezes me peguei pensando que seria infinitamente mais fácil ter alguém para tomar as decisões por mim, em momentos crucias, me vi paralisada, esperando ser salva por algo ou alguém que simplesmente determinasse por mim, que direção seguir. A vida tem o dom de nos convocar, em momentos que navegamos em lagos de paz e serenidade,nos lançando em alto mar, temos uma escolha a fazer, encontrar a nossa natureza profunda, enfrentar vendavais, conhecer o nosso poder, descobrir novas terras e novas dimensões do nós mesmas,encontrar a nossa verdadeira tribo, ou permanecer eternamente naquele lago sereno e solitário.
Chega um momento em que algo fervilha dentro de nós, mesmo com tudo aparentemente certo em nossas vidas. Uma inquietação interna, um problema de saúde que persiste em nos dar sinal de alerta. O relacionamento que não flui conforme nossas expectativas, a nossa teimosia em querer controlar tudo, enquanto tudo foge ao nosso controle. Uma morte, um nascimento. Esse chamado é o que eu chamo de o chamado da Deusa, pois todas nós nascemos para sermos e vivermos à imagem e semelhança dela, apenas, a grande maioria de nós esqueceu essa verdade, ou não tem a menor ideia de como manifestá-la, por total falta de referencial cultural. Para nós a palavra soberania, pode parecer um adorno para contos de fadas, nos deixando distantes e ignorantes da nossa infinita força e capacidade para gerar e sustentar em nossas próprias vidas, nos enxergamos dependentes, limitadas, frágeis e incapazes de lutar, quando na realidade, somos o extremo oposto disso.
É muito confortável para a atual configuração social, que desconheçamos o nosso poder, e permaneçamos em estado de inércia e apatia, sempre em busca de algo fora e distante de nós, algo que pode ser comprado, sonhos e enlatados encobertos pelo véu da ilusão de ser e ter uma vida “perfeita”. Como é maravilhoso encontrar uma mulher cheia de si, uma mulher que aceita a descoberta de cada dia, na confiança de que existe um fluxo natural, e com a consciência de sermos feitas de terra, ar, fogo, e água, sabendo que por isso somos a própria Deusa,em suas palavras,” somos Deusas, apenas fazemos coisas ou agimos de formas que nos levam a desacreditar nessa verdade”. A nossa tarefa hoje é relembrar a nossa essência divina, para trazermos mais equilíbrio às nossas vidas.
Karine da Cunha é uma cantora, compositora, professora de música, uma mulher que conhece o seu poder de curar, que sabe que o seu canto tem encantos, que a sua voz é um remédio, e que, em plena posse desses poderes, ajuda outras mulheres a conhecerem os seus. Uma mulher que conhece e acredita no valor da sua arte, na força da sua música, para inspirar o bem, e uma conexão maior com o espírito. Eu tive o prazer de conhecer essa mulher, e o que ficou para mim, foi a imagem de um espírito cheio de alegria, que tem uma força suave e penetrante, que exala cheiro de amor e coração por onde passa. Longe da ilusão de ser perfeitas, aprendemos que ser uma mulher completa significa ser dotada de luz e sombras. Para sermos inteiras, precisamos conhecer e aceitar as nossas melhores qualidades e nossos piores defeitos.
Ser uma Deusa, ou viver a semelhança de uma, é saber conviver com a plenitude de nosso ser, sabendo que somos dia e noite, inverno e verão, a secura do outono e o florescer da primavera, que como a lua minguamos, desaparecemos na escuridão, para renascermos como uma tímida luz que vai crescendo e enchendo nossas vidas, que nos lança ao mundo, para depois nos chamar de volta, para nos olharmos de perto, para conversarmos com a sombra, para analisarmos nossas frustrações, para usarmos a nossa força destrutiva para terminar ou abandonar aquilo que não nos faz bem, para podermos renascer purificadas e leves para um novo ciclo de concepção de vida e de sonhos.

Por Janaina Ribeiro

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