4 de dez. de 2008

"Observa, escuta e logo atua"

Nós índios conhecemos o silêncio.
Não temos medo dele.
Na verdade para nós ele é mais poderoso do que as palavras.
Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles nos transmitiram essa sabedoria.
"Observa escuta e logo atua" nos diziam.
Esta é a maneira correta de viver.
Observa os animais, para ver como cuidam de seus filhotes.
Observa os anciões, para ver como se comportam.
Observa o homem branco para ver o que querem.
Sempre observa primeiro com o coração e a mente quietos e então aprenderás.
Quando tiveres observado o suficiente então poderás atuar.
Com os brancos é o contrário.
Vocês aprendem falando.
Dão prêmios às crianças que falam mais na escola.
Em suas festas todos tratam de falar.
No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos e todos falam cinco dez cem vezes.
E chamam isso de "resolver um problema".
Talvez o silêncio seja duro demais a vocês porque mostra um lado que não quereis ver.
Quando estão numa habitação e há silêncio ficam nervosos.
Precisam preencher o espaço com sons.
Então falam compulsivamente mesmo antes de saber o que vão dizer.
Vocês gostam de discutir.
Nem sequer permitem que o outro termine uma frase.
Sempre interrompem.
Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido inclusive.
Se começas a falar eu não vou te interromper.
Te escutarei.
Talvez deixe de escutar se não gostar do que estás dizendo.
Mas não vou te interromper.
Quando terminares tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo a menos que seja importante.
Do contrário simplesmente ficarei calado e me afastarei.
Terás dito o que preciso saber.
Não há mais nada a dizer.
Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.
Deveríamos pensar nas palavras como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las e permiti-las crescer em silêncio.
Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.
Existem muitas vozes além das nossas.
Muitas vozes.
Só vamos escutá-las em silêncio.

"Não sofremos de falta de comunicação mas ao contrário,
com todas as forças que nos obrigam a nos exprimir
quando não temos grande coisa a dizer"
(Sabedoria indígena)


Abraços fraternos,
Ana Andrade

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