18 de set. de 2008

A técnica sozinha não tem sentido

A técnica sozinha não tem sentido. Só tem eficiência quando permeada pela inspiração e a intuição. O que é o corpo físico por mais belo que seja se não abrigar em si a centelha da vida? Se não for o Templo onde habita o Espírito? É a comunhão entre técnica e a intuição, o corpo e o espírito que faz a diferença. Só assim o fazer artístico passa a ser autêntico, pois expressa com clareza a personalidade de quem o faz...
Lá fora, o mundo é a grande Arena. Só permanece de pé, aquele que soube construir em bases sólidas os alicerces de seu Templo... É preciso coragem para sair do lugar comum. É preciso determinação para olhar o mundo de frente e não esmorecer diante de tanta disparidade. Uma Educação Viva só tem sentido quando envolve o ser humano, com os reais fatos que espelham sua grandeza interior e a dimensão da sociedade da qual ele é parte integrante.


A teoria das Inteligências Múltiplas, expostas pelo cientista Howard Gardner, a partir de 1983, deixa bem claro que, além da inteligência verbal e a Lógico-Matemática que prepondera em nosso sistema educacional, outros prismas da inteligência humana ainda marginalizados, aí estão para serem pesquisados com seriedade, pois dizem respeito essencialmente a enfoques onde “nossa Razão”, embora tão reverenciada, nada ou muito pouco pode opinar. O psicólogo Daniel Goleman em seu Livro “Inteligência Emocional” expõe esta preciosa reflexão:“Uma visão da natureza humana que ignora o poder das Emoções, é lamentavelmente míope. O próprio nome Homo sapiens, a espécie pensante, é enganoso à luz da nova apreciação e opinião do lugar das Emoções em nossas vidas que nos oferece hoje a Ciência. Como todos sabemos por experiência, quando se trata de modelar nossas decisões e ações, o Sentimento conta exatamente o mesmo, e muitas vezes mais que o Pensamento.


Fomos longe demais na enfatização do valor e importância do puramente racional, do que mede o QI na vida humana. Para o melhor e pior, a inteligência não dá em nada, quando as Emoções dominam.”. (D. Goleman. 1995, p.18) Apesar da indiferença que notadamente prevalece na mentalidade de nosso sistema Educacional, ao alicerçar seus fundamentos numa educação excessivamente Cartesiana, ainda existe quem acredite na Arte não apenas como produto decorativo, mas como um instrumento mais amplo do saber humano, conhecimento Intuitivo e por tudo isto, um dos pilares básicos, para a formação equilibrada do cidadão que pensa, sente e age no mundo. Decisivamente a Arte como linguagem do Coração, em todas as suas modalidades, quando bem direcionada, é um poderoso instrumento que tem muito a contribuir, para ampliar estas “novas dimensões da natureza do homem”, e assim amenizar o clamor de uma humanidade emocionalmente carente, apática e ainda desequilibrada. É um desafio gratificante navegar por essas rotas tão poucas exploradas da psique humana. Saber que o conhecimento é universal, não tem limite, não é propriedade particular de ninguém e é acessível a todo aquele que quer aprender. Mesmo porque existem múltiplas formas de aprendizagens que extrapolam o convencional.


Ao trabalharmos nossa sensibilidade, estaremos contribuindo para o nosso crescimento interior e para um padrão de vida mais sadio em nossos relacionamentos com os outros. Acordar no homem a sua transformação, sua ecologia interior. Libertar suas amarras e seus reflexos condicionados. Despertar para o inusitado. Transitar com reverência e disposição de aprender, o caminho promissor entre o profano e o Sagrado. Ter a agudeza de saber perceber a essência humana, compreender seus limites e, sobretudo valorizar suas aptidões. A realização de todo trabalho humano, só tem sentido quando é compartilhada imparcialmente com os outros. O fruto de meu trabalho é para o seu bem estar. O fruto de seu trabalho é para o meu bem estar. E somente assim estaremos cumprindo com nossa função de pessoas solidárias e feitas à imagem e semelhança do Supremo Criador. Enfim... “Somos todos um”!


Jbconrado*





Percorrendo o mundo virtual encontrei este texto de João Batista Conrado, arte-educador, artista plástico/gráfico e poeta, que fala em libertar-nos das amarras e reflexos condicionados. Adorei! Compartilho de seu pensamento e sempre falo em nossos cursos e palestras que a técnica sozinha é como a fé sem obras. Que um bom profissional é aquele que coloca coração naquilo que faz. Aplicar uma técnica pode auxiliar, potencializar ela com amor pode curar.
JBConrado fala da Arte como linguagem do coração e me vem a mente tantas coisas... o Calendário Maia que nos diz que Tempo é Arte, os mistérios da Antiga Fé, que se referem às práticas pagãs como A Arte... estar em harmonia com a natureza, conectada e alinhada com o Céu e a Terra, festejando a vida que cresce a todo instante e que se esvai a cada momento, e que se renova a cada ciclo, é uma Arte.
Reconhecer que tudo dentro de mim é um reflexo da energia imensurável do Universo, que o canto dos pássaros é uma sinfonia, que as folhas que balançam na árvore fazem uma dança e que o vento se comunica quando sopra, é uma Arte. Cozinhar, fazer amor, prestar serviços, é uma Arte. Compartilhar saberes, ser ouvinte e ser contador de histórias, é uma Arte. Curar com o toque, com o olhar, com um abraço, é uma Arte. Fazer sorrir quem estava chorando, dar de beber a quem tem sede e de comer a quem tem fome, é uma Arte.


A Vida imita a Arte ou a Arte imita a Vida? Quem sabe são duas palavras distintas que exprimem a mesma coisa - a expressão do espírito!


Ana Paula Andrade

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